quarta-feira, 15 de agosto de 2012

PERDÃO... O que achei. O que achou?

Aline Bonde

O teatro tem o dom de nos transportar para um mundo completamente distante e distinto, através de uma tecnologia que nos permite maior interação até mesmo que o 3D, por isso e por uma série de outros motivos é que amo tanto o palco. Esse ano, por exemplo, tive o privilégio de ter assistido 54 peças teatrais em Curitiba (fora aquelas que assisti mais de uma vez, e não foram poucos), mas a peça que assisti nesse ultimo dia 4 de agosto além de ter sido de longe a melhor peça apresentada pelo NPT (núcleo de profissionalização teatral) do Teatro Lala, foi uma aula intensiva de expressionismo, direção, comprometimento e principalmente, de interpretação.

A turma AVA1, sob direção de Jader Alves nos proporcionou um mergulho no universo de Nelson Rodrigues com a peça “PERDÃO...” uma adaptação da obra “PERDOA-ME POR ME TRAÍRES” do gênio Nelson Rodrigues. A história da menina Glorinha que foi criada pelo seu tio Raul com muito rigor, tendo em vista que aos 2 anos de idade sua mãe suicidou-se tomando veneno, e em seguida seu pai enlouqueceu. Quando ela chega aos 16 anos seu tio Raul lhe faz algumas revelações sobre esse fato, e sobre isso discorre a estória que foi interpretada brilhantemente pelo elenco.

Cássia Carolina que interpretou Glorinha, nos encantou com uma atuação de alto nível, obedecendo fielmente as mascações e com muita precisão nos movimentos , tal como pede a interpretação expressionista, ela foi simplesmente impecável em seu trabalho, mostrando muita presença de palco, domínio do personagem e muita entrega ao trabalho, de fato encheu os olhos.

Gustavo Tavares enquanto Tio Raul executou com muita segurança e verdade seu personagem mostrando que ele era sombrio, ordinário, sádico e um criminoso. Nos deu a impressão de que o personagem exigiu muito do ator, que conseguiu executá-lo de maneira exemplar e obedecendo fielmente a proposta da direção.

Juliana Partyka foi quem interpretou a Madame Luba, uma pessoa misteriosa e um ser soberano, forte e cheia de malícia, que só foi fielmente reconhecida com essas características por ter sido interpretada por alguém que entendeu a proposta do personagem e o executou de maneira magnífica, com uma presença de palco e segurança incrível na atuação.

Débora Welker enquanto Nair, nos deu um show de expressionismo, com marcações precisas, olhar forte, uma firmeza e segurança incríveis no falar ela nos proporcionou sensações de espanto, tensão e uma vontade intensa de não piscar os olhos nem por um segundo. E como é bom acompanhar o trabalho de um ator e vê-lo em peças completamente diferentes umas das outras, fazendo um trabalho tão distinto e bem executado, isso se aplica a Débora pois, foi o que aconteceu em ”2012 – a comédia do fim do mundo”, “Eu quero sexo – será que vai rolar?” e agora na peça “Perdão...”, ela teve papeis completamente diferentes um do outro e foi exemplar em todos eles.

Francisco Francez, Gil Moura e Esmeralda Lunelli enquanto Pola Negri, Dr Jubileu e a Enfermeira completaram o elenco principal dessa obra incrível, impecáveis em suas apresentações eles abrilhantaram ainda mais o espetáculo nos deixando atônitos pela capacidade de execução e envolvimento de todo o elenco de maneira uniforme.

O espetáculo contou também com um elenco de apoio que foi simplesmente perfeito, contou com atores ótimos que fizeram um trabalho primoroso e mostraram que, um trabalho que conta com o envolvimento uniforme de todo o elenco só pode ter um resultado, o melhor e mais incrível resultado, tal como foi essa peça. Lari Martins, Manoela Riges, Alan Christian, Getúlio Czaplinski, Leonardo Castilhos e Lincon Eduardo foram os integrantes desse que nem da pra chamar de elenco de apoio pois, foram parte fundamental do espetáculo, e contribuíram para abrilhantá-lo ainda mais.

Das peças que assisti esse ano essa sem dúvida foi uma das mais elogiadas nas redes sociais e por aqueles que assistiram, eu espero sinceramente que ela volte a ser exibida nos palcos de Curitiba, e tão logo isso aconteça eu trarei aqui informações sobre dias de apresentação, horários e valor de ingresso.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DONA BARATINHA DA SILVA SÓ - O Que achei. O que achou?


“DONA BARATINHA DA SILVA SÓ” é um espetáculo infantil que assisti pela primeira vez faz algum tempo com outro elenco, mas que proporcionou o mesmo encanto quanto agora, embora hoje vejamos o espetáculo mais maduro e evoluído.

Com texto e Direção de Rogério Bozza, esse espetáculo estreou em 2004 e até hoje está em cartaz nos palcos de Curitiba, e sempre proporciona momentos de uma descontração encantadora a quem vai assistir. A história da baratinha rica que procura na floresta um pretendente para se casar, passa por algumas aventuras até, é praticamente extorquida pelo Sr Gatão dono do cartório e que lhe dá o nome de “DONA BARATINHA DA SILVA SÓ”. A história é cheia de bom humor, tem uma história envolvente. A produção também é muito boa em todos os sentidos, figurino e caracterização muito bem feitos, luz, som e coreografias muito bem produzidas e bem executadas, a história realmente é muito linda e gostosa de assistir.

Mayara Bonde, Daniela Costa, Leonardo Castilhos, Lucas Cardoso, Lari Martins, Andie Santos, Andre Opolz, Alex Dupzak e Fernanda Bahl na composição do elenco dessa temporada deixaram o espetáculo ainda mais lindo, eu assisti dessa vez a ultima apresentação que aconteceu no domingo dia 29/07 no Teatro Fernanda Montenegro, a apresentação foi brilhante, as interpretações foram cheias de verdade e entrega por parte de todos do elenco, indistintamente, o que só enriqueceu ainda mais essa obra que, está em cartaz desde 2004 não por acaso.

“DONA BARATINHA DA SILVA SÓ” certamente voltará aos palcos em breve, tão logo isso aconteça eu estarei divulgando datas, local de apresentação, horários e demais informações.
Foto: Ana Chris | Fotografia

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MEU PAI E MINHAS MÃES ! - O que achei. O que achou?


Dando sequência a série de espetáculos que o NPT (núcleo de Profissionalização Teatral) do Teatro Lala tem apresentado, hoje falo do espetáculo que aconteceu nos dias 28 e 29 de Julho, “MEU PAI E MINHAS MÃES!”. Um trabalho elaborado com muita criatividade ao mesmo tempo em que conta com doses generosas de bom humor e criticidade, especialmente no que diz respeito à quebra de paradigmas dos modelos mais tradicionais que as famílias têm de conceber um lar, poucas vezes vinculadas ao fato de serem plenamente felizes.

A historia que narra o fato de duas famílias, uma tradicionalíssima e outra nada convencional, terem que se conhecer para realização do noivado e casamentos de seus filhos. O patriarca de uma das famílias é um político de condita questionável e que atendendo a um pedido da filha para conhecer a família de seu futuro noivo, aproveita-se da situação para fugir da imprensa que está a sua procura para esclarecer um escândalo.

Na família do noivo, os pais são divorciados, onde o pai acaba se relacionando com um tranformista que é dona de uma casa de shows, e sua mãe acaba por relacionar-se com a auxiliar de serviços gerais da casa. E entrando nesse ponto da estória é que quero dar o destaque do elenco

Alan Cristhian desde o primeiro momento em que apareceu no palco já arrancou gargalhadas da plateia, interpretando a “madrasta nada convencional” do menino que queria casar-se com a filha do político, passou a peça inteira em trajes femininos, calçando um sapato de salto alto (bem alto) e o fez com muito talento e categoria. A grande prova disso foi quando, no momento dos agradecimentos pelo fim da peça, o momento em que Alan veio ao palco a reação da plateia foi de um reconhecimento fervoroso, e de fato, para um ator, não há o que seja mais gratificante que isso, fiquei feliz demais em ver tal manifestação do público, que de fato foi merecidíssima.
O elenco como um todo fez dessa peça algo divertido e gostoso de se ver. Sob direção do sempre surpreendente Marcyo Luz “MEU PAI E MINHAS MÃES!” foi uma comédia divertidíssima.

Sinopse:
Uma família tradicional tem que conhecer uma outra família nada tradicional, por conta do casamento de seus filhos. Uma comédia deliciosa e atemporal revela através de muito bom humor valores que o ser humano está perdendo a cada dia que passa.

Texto e Direção : Marcyo Luz

Elenco:
Alan Cristhian / Andressa dos Santos / Bruna Aquino /Danutha Ingriyh / Eder Aquino / Eliseu Eloi / Fernando Rigoni / Flavia Gonçalves / Gislene Cardoso / Jessica de Souza / Jorge Augusto / Katiele Cardoso / Lincon Silva / Luna Beatriz / Raiza Luara / Silvana Gomes / Daiana Aggio

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A SENSACIONAL HISTÓRIA DE ZÉ DO BURRO - O que achei. O que achou?


Dando sequência na série de espetáculos que vem acontecendo no Teatro Lala realizadas pelo NPT (núcleo de profissionalização teatral) agora falo da peça “A SENSACIONAL HISTÓRIA DE ZÉ DO BURRO”. A turma BAS 4 sob direção de Adriana Sottomaior  trouxe ao palco nos dias 22 e 23 de julho a história adaptada na Obra de Dias Gomes “ O pagador de promessas” trazendo o drama de Zé do burro, um cristão, devoto de sua santa, homem puro, humilde e que é impedido de cumprir uma promessa feita a sua santa.

A trama traz uma critica categoricamente contundente aos sensacionalismos e exageros cometidos pela nossa sociedade como um todo. A imprensa que, mesmo exercendo um papel fundamental de transmissão de informação, por vezes comete exageros e deixa de ser o agente de informação para atender meros interesses oriundos de um capitalismo exacerbado. A própria população que, baseada em curiosidades alheias, deixa de restar atenção em seus próprios problemas e enfatiza um drama qualquer, tornando-o alvo de todos os comentários e preocupações, simplesmente deixando de lado assuntos de maior importância e relevância.

A história é riquíssima em função desses pontos abordados que geram reflexão, sem contar que o drama em si conta com personagens tão puros e inocentes que, por vezes chega a beirar o cômico. Em muitos momentos a plateia riu durante o espetáculo, não por se tratar de algo realmente engraçado, no meu ponto de vista isso aconteceu principalmente por causa da inocência e ingenuidade que Zé do Burro e sua esposa Rosa tinham (Bruno Rodrigues e Lari Martins). Não PE uma missão necessariamente fácil encontrar pessoas puras e livres de malícias hoje em dia, por isso se tornou engraçado.

Quanto aos destaques do elenco, Bruno Rodrigues e Lari Martins, trouxeram os protagonistas da história com tanta delicadeza e verdade que conseguiram  fazer a plateia torcer durante toda a peça para que a promessa de Zé realmente fosse cumprida.
Leo Castilhos interpretando o padre, conseguiu nos fazer crer que estávamos diante de um padre já idoso que, do avançar dos anos, tornou-se um tanto intransigente e metódico, executado com muita fluidez e categoria.

Wellington Araujo interpretando o Bonitão também foi um dos que arrancou suspiros da plateia, no papel de um conquistador bom de bico, passa boa parte da peça tentando conquistar Rosa (esposa de Zé do Burro) querendo se aproveitar da mesma por estar fragilizada pelo cansaço e irritada com a dificuldade de seu marido em cumprir a promessa e voltarem pra casa.

De forma geral todo o elenco está de parabéns, foi uma peça muito gostosa de assistir.

Sinopse: Zé do Burro é um dos grandes personagens de Dias Gomes. O pagador de promessas, cristão, humilde e de bom coração é impedido de cumprir seu trato com a santa. Intolerância, jogo de interesses, egoísmo, falta de compaixão, sensacionalismo por parte da mídia, são alguns enfoques da trama. A adaptação da obra feita com intenção de valorizar e de fazer entender o drama em seus pormenores revelando não só o conflito em torno de Zé do burro, mas também de outros personagens, típicos cidadãos, com seus próprios problemas, atitudes ou falta de, que são peças fundamentais dentro da sociedade, mas que mal tem consciência disto Alguns falam, lutam, questionam, mas acabam enfraquecidos, porque a união depende da maioria, mas a maioria sem enxergar, são meros peões comandados estrategicamente para obedecer e se conformar.

Elenco: Bruno Rodrigues / Lari Martins / Bruna Berti /  Mariana Ortiz / Viviane Raizer / Manu Riges / Vanessa Garcia / Kaio Schimanski / Heluiza Ramin / Caroline Orso / Luma Birk / Jheymis Ventura / Getúlio Czaplinski / Sabrina Rodrigues / Leo Castilhos / Wesley Marllus / Ana Paula Desplanches / Wellington Araujo / Catarina Mattos

Direção: Adriana Sottomaior
Assistência de Direção: Michelle Bonde