O teatro tem o dom de nos transportar para um mundo
completamente distante e distinto, através de uma tecnologia que nos permite
maior interação até mesmo que o 3D, por isso e por uma série de outros motivos
é que amo tanto o palco. Esse ano, por exemplo, tive o privilégio de ter
assistido 54 peças teatrais em Curitiba (fora aquelas que assisti mais de uma vez,
e não foram poucos), mas a peça que assisti nesse ultimo dia 4 de agosto além
de ter sido de longe a melhor peça apresentada pelo NPT (núcleo de
profissionalização teatral) do Teatro Lala, foi uma aula intensiva de
expressionismo, direção, comprometimento e principalmente, de interpretação.
A turma AVA1, sob direção de Jader Alves nos proporcionou um
mergulho no universo de Nelson Rodrigues com a peça “PERDÃO...” uma adaptação
da obra “PERDOA-ME POR ME TRAÍRES” do gênio Nelson Rodrigues. A história da menina Glorinha que foi
criada pelo seu tio Raul com muito rigor, tendo em vista que aos 2 anos de
idade sua mãe suicidou-se tomando veneno, e em seguida seu pai enlouqueceu. Quando
ela chega aos 16 anos seu tio Raul lhe faz algumas revelações sobre esse fato,
e sobre isso discorre a estória que foi interpretada brilhantemente pelo
elenco.
Cássia Carolina que interpretou Glorinha, nos encantou com
uma atuação de alto nível, obedecendo fielmente as mascações e com muita
precisão nos movimentos , tal como pede a interpretação expressionista, ela foi
simplesmente impecável em seu trabalho, mostrando muita presença de palco, domínio
do personagem e muita entrega ao trabalho, de fato encheu os olhos.
Gustavo Tavares enquanto Tio Raul executou com muita
segurança e verdade seu personagem mostrando que ele era sombrio, ordinário,
sádico e um criminoso. Nos deu a impressão de que o personagem exigiu muito do
ator, que conseguiu executá-lo de maneira exemplar e obedecendo fielmente a
proposta da direção.
Juliana Partyka foi quem interpretou a Madame Luba, uma pessoa
misteriosa e um ser soberano, forte e cheia de malícia, que só foi fielmente
reconhecida com essas características por ter sido interpretada por alguém que
entendeu a proposta do personagem e o executou de maneira magnífica, com uma
presença de palco e segurança incrível na atuação.
Débora Welker enquanto Nair, nos deu um show de
expressionismo, com marcações precisas, olhar forte, uma firmeza e segurança incríveis
no falar ela nos proporcionou sensações de espanto, tensão e uma vontade
intensa de não piscar os olhos nem por um segundo. E como é bom acompanhar o
trabalho de um ator e vê-lo em peças completamente diferentes umas das outras, fazendo um trabalho tão distinto e bem executado, isso se aplica a Débora pois,
foi o que aconteceu em ”2012 – a comédia do fim do mundo”, “Eu quero sexo –
será que vai rolar?” e agora na peça “Perdão...”, ela teve papeis completamente
diferentes um do outro e foi exemplar em todos eles.
Francisco Francez, Gil Moura e Esmeralda Lunelli enquanto
Pola Negri, Dr Jubileu e a Enfermeira completaram o elenco principal dessa obra
incrível, impecáveis em suas apresentações eles abrilhantaram ainda mais o espetáculo
nos deixando atônitos pela capacidade de execução e envolvimento de todo o
elenco de maneira uniforme.
O espetáculo contou também com um elenco de apoio que foi
simplesmente perfeito, contou com atores ótimos que fizeram um trabalho
primoroso e mostraram que, um trabalho que conta com o envolvimento uniforme de
todo o elenco só pode ter um resultado, o melhor e mais incrível resultado, tal
como foi essa peça. Lari Martins, Manoela Riges, Alan Christian, Getúlio
Czaplinski, Leonardo Castilhos e Lincon Eduardo foram os integrantes desse que
nem da pra chamar de elenco de apoio pois, foram parte fundamental do
espetáculo, e contribuíram para abrilhantá-lo ainda mais.
Das peças que assisti esse ano essa sem dúvida foi uma das
mais elogiadas nas redes sociais e por aqueles que assistiram, eu espero
sinceramente que ela volte a ser exibida nos palcos de Curitiba, e tão logo
isso aconteça eu trarei aqui informações sobre dias de apresentação, horários e
valor de ingresso.